22/04/11

BOM DESTINO



O resort da Bulgari, com projecto de arquitectura de Antonio Citterio e Patricia Viel, tem uma localização privilegiada em Bali e assume-se como o destino de luxo do maior arquipélago do Mundo, o indonésio.

Projecto de arquitectura Antonio Citterio e Patricia Viel
Fotografia arquivo Bulgari

Entre o Equador e o Trópico de Capricórnio, no Mar de Java – aninhado entre os oceanos Índico e Pacífico –, localiza-se a ilha de Bali, uma das muitas e que fazem do arquipélago indonésio o maior do Mundo. A ilha de Bali encontra-se, aproximadamente, a 10º a Sul do Equador e não muito distante seguindo esse mesmo paralelo, em direcção a Oriente, está Timor. Toda a região, desde o Mar de Java ao Mar de Timor, está cheia de vestígios da passagem de marinheiros portugueses. O resort da Bulgari está localizado na península de Bukit, que foi descoberta e marcada, em1585, com um padrão português.



No alto de um rochedo íngreme, a cerca de 160 metros de altura sobre o mar, o resort da Bulgari evidencia desde logo uma localização privilegiada. O projecto de arquitectura foi designado por Antonio Citterio e Patricia Viel, com acompanhamento de obra por parte da arquitecta Ella Dinoi. O empreendimento é composto por 59 vilas e está nas proximidades da Vila de Pecatu e do Templo Pura Luhur Uluwatu, no ponto mais a Sudoeste da ilha de Bali. A baía de Jimbaran e o aeroporto internacional ficam a cerca de 20 quilómetros a Norte do resort, uma nota importante quando comparamos esta região com a de Kuta – o coração turístico de Bali –, que viajando de automóvel fica a uns 40 minutos de distância. No topo do rochedo e voltado para uma vista deslumbrante sobre o Mar de Java, o resort acrescenta o facto de possuir uma praia com uma extensão de areal com cerca de quilómetro e meio, cujo único acesso por terra é feito por intermédio de um elevador.
O programa de arquitectura levado a cabo por Antonio Citterio foi todo ele influenciado por um levantamento e uma interpretação contemporânea do design originário de Bali, ao qual foi complementado o estilo italiano da Bulgari. O resultado traduz uma perfeita integração de elementos naturais e culturais do local. A construção foi estruturada com uso de pedra vulcânica, madeiras exóticas e produtos de artistas e artesãos locais. A lava e a pedra palimanan foram usadas para criar o jardim e os pequenos muros interiores. As madeiras escuras foram usadas para estruturar as villas e a pedra subakumi – no seu tom verde natural –, criou um efeito visual muito interessante nos chuveiros de exterior ou nas piscinas de água quente e fria. No aspecto decorativo, o resort apresenta uma colecção de antiguidades e de obras de arte, oriundas da região de Java. Em termos de mobiliário e de outros artefactos, como loiças, porcelanas, cerâmicas e tecidos naturais, a produção é da responsabilidade de artistas e designers oriundos de Bali, colaborando sob a supervisão dos arquitectos Antonio Citterio, Patricia Viel e Ella Dinoi.



O resort Bulgari é composto por 59 villas, todas com vista para o Mar de Java. Três villas com dois quartos e a maior de todas com uns expressivos 1,300 m2 e quatro quartos. Todas dispõem de piscina, um pátio rodeado por uma jardim tropical, dispositivos electrónicos de alta tecnologia e uma extensa gama de outras infra-estruturas. A excelência do serviço Bulgari é assegurada por uma equipa de 250 empregados. O tratamento dos hóspedes é personalizado e caracteriza-se pela discrição, existindo ocasiões especiais – como casamentos –, em que a sensibilidade dos empregados proporciona um acréscimo de satisfação e confere uma inequívoca experiência de luxo durante toda a estadia.
A par da atmosfera edílica de todo o resort, a Bulgari potenciou ainda mais as sensações por intermédio dos restaurantes indonésio e italiano, um bar relaxante, um Spa e uma piscina panorâmica à beira da falésia, que foi designada o palco de todas as atenções. Existem também duas lojas, uma da Bulgari e outra especializada na venda de obras de arte e artesanato provenientes de Bali.
Sob o rochedo íngreme do resort, no seu mais elevado ponto, encontramos um templo Hindu, num real espaço para adoração e que se rege pelas rituais da tradição local, sendo que os hindus representam apenas 2% da população indonésia enquanto os muçulmanos são cerca de 87%. Outro destaque vai também para o pavilhão de recepção do resort, não só pelo equilíbrio das suas proporções como também pela integração de bom design.
O projecto de arquitectura concebido por Antonio Citterio focou-se no propósito de criar uma atmosfera verdadeira, não só em harmonia e equilíbrio com o local mas também reforçar as suas qualidades intrínsecas. Tirar partido da paisagem e não descaracterizá-la foi uma tarefa conseguida e alguns pormenores, como o uso de uma pedra branca de coral – sensível à humidade e que se torna escura quando molhada –, resultam em todos os enfiamentos alcançados pela vista. O resort é, mal comparado, como que uma fortaleza medieval que ao invés de canhões à sua volta se deixa abraçar pela vegetação tropical. Cada villa é rodeada por um jardim e em redor de cada quarto de hóspedes surge espaço para um jardim privado, uma piscina, uma sala de estar ao ar livre e uma área com 300 m2 de vistas sobre o resort e o Mar de Java.



O projecto definiu uma divisão entre áreas privadas e públicas. Por intermédio de pequenos muros de pedra, as villas proporcionam um espaço de total privacidade, enquanto os espaços públicos os apontamentos de design de mobiliário são elementos essênciais para tirar o maior proveito da paisagem. Destacamos nestes espaços públicos a piscina, o bar e o restaurante com vista para a praia.
O resort integrou-se nas proximidades da vila de Pecatu, numa região costeira e abrigada. O rochedo íngreme eleva-se até 160 metros de altura sobre o mar, a vegetação é dispersa e permite ver as rochas e pedras de coral. A praia tem um areal com cerca de 1,5 quilómetro e está acessível por elevador. A praia é quase selvagem, sendo única a presença humana do pequeno clube de praia, que dá assistência aos hóspedes. Os surfistas encontrarão umas boas ondas e com regularidade são avistados golfinhos.
O arquitecto italiano Antonio Citterio respeitou os métodos construtivos utilizados em Bali, erguendo estruturas no local e adicionando a pedra, toda trabalhada à mão. No que à sustentabilidade ambiental diz respeito, o resort foi construído com materiais certificados, como é o caso das madeiras exóticas utilizadas.
As villas e os espaços públicos denotam uma qualidade estética e uma harmonia visual de grande efeito. Os fortes apelos da tradição foram respeitados e adicionados de uma visão contemporânea de viver os espaços. Nos quartos e nas casas de banho de cada villa, no restaurante e nalguns pavilhões, o mogno e o vidro criam um contraste conseguido. Todo o programa de arquitectura denota um conhecimento que permite criar um espaço novo sem retirar personalidade ao espaço já existente. Por regra, foi utilizado um único material e uma única cor para as estruturas, pavimentos e detalhes. Estes elementos foram todos eles produzidos em bangkiray, uma fina madeira semelhante ao mogno – oriunda de Java –, cuja tonalidade domina todo o resort. Cada villa tem dois amplos espaços de áreas iguais, um destinado ao quarto e o outro à casa de banho, esta com pavimento escuro, uma banheira e dois chuveiros. Os chuveiros estão localizados em sítios diferentes, um no interior da villa e o outro no jardim. A casa de banho tem ainda a particularidade de ter um jardim interior. O quarto é rodeado por janelas, proporcionando uma visão panorâmica. Entre o jardim privado e a piscina está a sala ao ar livre, cuja orientação a Sul permite vistas para a falésia e o mar. As 3 villas com dois quartos anexos. apresentam uma piscina de maiores dimensões, espaço de cozinha e um estúdio. O que mais sobressai é a Bulgari Villa, com cerca de 1,300 m2, quatro quartos, duas salas de estar e uma cozinha. O jardim da Bulgari Villa foi desenhado com uma piscina de 20 metros, rodeada por um terraço e espaços circundantes desenhados para tomar refeições ou tirar os proveitos da exposição ao sol.



Sobre a falésia está o restaurante indonésio Sangkar, caracterizado pelo seu pé direito com 10 metros, telhado estruturado em canas de bambu e gaiolas adaptadas a candeeiros de tecto. O Il Ristorante, junto ao lago artificial, apresenta uma ementa baseada no receituário gastronómico italiano. Realce para o Spa, localizado no centro do resort, que integra um pavilhão de yoga, pavilhões anexos voltados para o mar e uma ponte de madeira flutuante sobre o lago artificial.



A arquitectura paisagística do resort da Bulgary denota um conhecimento e um respeito pela tradição dos canteiros e dos jardins de Bali. Os terraços foram criados tendo em conta o declive natural. As plantas típicas e as madeiras oriundas da região foram replantadas. Uma presença forte é à da Árvore do Templo, uma espécie típica e abundante. A dar folha, esta árvore veste-se em tons de branco emana uma agradável fragrância que se mistura com a brisa marítima. Por fim, a paisagem está polvilhada de grandes vasos esculpidos na rocha e há também a presença de antigas pedras, os totens de cariz tribal.

Sem comentários:

Enviar um comentário