26/04/11

CHIQUE




O Altis Avenida Hotel nasce num edifício com a assinatura de um dos grandes nomes da arquitectura portuguesa, Luís Cristino da Silva, após um projecto de reconversão levado a cabo pelo arquitecto João Vasconcelos Marques e de um programa de design de interiores do atelier Artica Arquitectos. Reanima-se o espírito de elegância da baixa lisboeta.   

Projecto de arquitectura: Luís Cristino da Silva
Projecto de reconversão: João Vasconcelos Marques
Design de interiores: Artica Arquitectos
Fotografias: arquivo Altis Hotels



Inaugurado em Março de 2010, na Rua 1º de Dezembro, no início da Avenida da Liberdade, o Altis Avenida Hotel faz renascer um edifício com assinatura. O edifíco é uma obra da autoria de um dos grandes arquitectos portugueses, Luís Cristino da Silva, que após anos de abandono por parte da edilidade lisboeta foi objecto de um merecido projecto de reconversão. O projecto de reconversão, que somou um investimento de 18 milhões de euros por parte da Altis Hotels, foi levado a cabo pelo arquitecto João Vasconcelos Marques e tem um programa de design de interiores criado pelo atelier Artica Arquitectos. As obras foram supervisionadas por responsáveis do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR). Nasceu assim um hotel de charme de 5 estrelas, com 68 quartos mais 2 suites e que, no último dos seus 7 pisos, apresenta o restaurante Brasserie Rossio Gourmet e um bar, nos quais se destacam a boa cozinha, liderada pelo seu chefe executivo o luso-francês Cristovão Grenho, e um terraço com vistas privilegiadas sobre a baixa de Lisboa.



O arquitecto João Vasconcelos Marques frisou na conferência de imprensa que o seu trabalho incidiu essencialmente na preservação da identidade do edifício, salientando também o investimento feito ao nível da caixilharia – uma solução da Technal –, por forma a dotar o hotel de uma boa eficiência energética e um bom isolamento acústico dos quartos. Comprovámos a tranquilidade dos quartos, sem quaisquer notas do ruído causado pelo acentuado movimento automóvel na baixa. Ao subrimos aos pisos superiores pela bonita e recuperada escadaria, deparámos com as madeiras, as pedras e os vidros orginais do edifício que ganharam de novo todo o seu esplendor. Característica interessante do hotel é o facto de reorganização espacial, resultante das divisórias díspares pré-existentes, ter permitido a criação de quartos todos eles diferentes quanto à sua disposição. Nos corredores, as pedras recuperadas juntam-se a outras, novas, mas numa perfeita harmonia. Na nossa opinião, o que cria algum desiquílibrio estético nos corredores é a aplicação de tola nas portas e sobre as suas respectivas ombreiras e vergas, mas segundo nos informou o arquitecto João Vasconcelos Marques, foi assim cumprida uma directriz dos responsáveis do IGESPAR. Os arquitectos João Vasconcelos Marques e Cristina Santos e Silva sublinharam, na conferência de imprensa, o bom trabalho de equipa e no qual também destacaram a boa cooperação dos responsáveis do IGESPAR, que acompanharam todo o projecto de reconversão. Uma vez que falamos de um edifício com a assinatura do arquitecto lisboeta Luís Cristino da Silva, referência da arquitectura portuguesa do século XX, será interessante informar, até pela proximidade ao Altis Avenida Hotel, os trabalhos de recuperação e reconversão do Capitólio, no Parque Mayer, Prémio Valmor e uma obra emblemática de 1929.


  
O programa de design de interiores do Altis Avenida Hotel foi projectado pela Artica Arquitectos, nomeadamente pelos desígnios de Cristina Santos e Silva e Ana Menezes Cardoso. Na visita guiada que Cristina Santos e Silva nos proporcionou, ficámos por dentro das intenções funcionais e estéticas do design de interiores. As notas principais deste trabalho de interiorismo incidiram no conforto, percebido e sentido, e na harmonia visual, em que as cores preto, branco e dourado são as essenciais. Para além de pesquisa de peças de design específicas para cada recanto, como são um bom exemplo os achados candeeiros de cabeceira, passando por peças originais desenhadas pelo atelier Artica Arquitectos ou a definição de revestimentos de parede, a arquitecta Cristina Santos e Silva quis mencionar a escolha de produtos de empresas portuguesas, como por exemplo as torneiras da Cifial ou as portas da Vicaima. Para lá da memória descritiva, ficou-nos a sensação forte do conforto dos quartos e do seu ambiente elegante, depurado e equilibrado. Para Cristina Santos e Silva foi criada toda uma atmosfera cosmopolita, que recupera o espírito da Avenida da Liberdade e que dota Lisboa com mais um hotel de referência.
Últimas notas de referência vão para o desenho das fardas da equipa do hotel cuja autoria é dos designers de moda Manuel Alves e José Manuel Gonçalves.


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